Abstract
Os autores chamam a atenção sôbre os erros de diagnóstico nos casos de neuroblastomicose, seja nas formas meningoencefálicas, seja nas tumorais. São focalizadas a paracoccidioidose e a criptococose. Depois de caracterizarem clìnicamente a paracoccidioidose, acentuam a raridade das formas nervosas (1,2% dos casos dessa micose autopsiados no Departamento de Anatomia Patológica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo). Pela revisão da literatura foi verificado haver apenas 12 casos registrados. 0 caso de Casiello e Klass é o único em que o diagnóstico foi feito em vida; os demais, ou constituem achado de necropsia, ou foram inesperadamente revelados pelo exame histopatológico realizado após intervenções cirúrgicas. Os autores registram 2 casos de paracoccidioidose do sistema nervoso. No primeiro, tratava-se de meningomielorra-diculite crônica, sendo o parasito identificado no escarro; o segundo era portador de síndrome de compressão medular, cuja patogenia é discutida pelos autores, tendo sido a etiologia paracoccidióidica comprovada pelo exame da polpa e biópsia ganglionares. Considerações clínicas sôbre a criptococose precedem o relato de um caso de meningoencefalomielite subaguda, no qual fôra feito em vida o diagnóstico de paracoccidioidose, pelo exame micológico do liqüido cefalorraqueano; êste paciente, embora medicado com doses maciças de sulfa e tiossemicarbarsona, veio a falecer, tendo o exame anátomo-patológico revelado tratar-se, na realidade, de lesões nervosas produzidas pelo Crypíococcus neo-formans. Nos três casos era incisivo o caráter neurocirúrgico da sintomatologia. Entretanto, ante o diagnóstico de paracoccidioidose, foi instituído tratamento pelas sulfas, vacina específica e tiossemicarbarsona. Os resultados foram excelentes no caso 2, em que a terapêutica pôde ser instituída mais precocemente; melhoras também foram obtidas no caso 1. No caso 3, foram verificadas melhoras transitórias com o tratamento, porém, após dois anos de moléstia, o paciente veio a falecer. Os autores concluem que a blastomicose do sistema nervoso deverá participar das cogitações neurocirúrgicas. Entretanto, na paracoccidioidose, a sulfamidoterapia em doses elevadas, associada às vacinas antiblastomicóticas, deve constituir a primeira tentativa terapêutica. Para o tratamento da torulose são indicadas a estreptotricina e a actidiona, embora a experiência com o seu uso clínico ainda seja muito pequena para que se chegue a conclusões definitivas. A cirurgia ficará reservada àqueles casos em que as condições topográficas ou evolutivas da lesão exijam solução urgente.
Subject
Neurology,Clinical Neurology
Reference40 articles.
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Cited by
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