Abstract
A descoberta freudiana do inconsciente (Das Unbewusste) revelou a existência de pensamentos e sentimentos não necessariamente amparados pela consciência ativa do sujeito: os estados mentais não-conscientes. Os pseudônimos de Kierkegaard, especialmente os de nível estético, frequentemente são nomeados como inconscientes de sentimentos e pensamentos que os regulam e, no projeto de Kierkegaard, esse fato assume a significação de que estão, na verdade, inconscientes do próprio self: mas, como pode alguém estar inconsciente de seu próprio self e dos estados ativos que amparam sua própria consciência? Se considerarmos que pensar e sentir estão no nível da consciência ativa do sujeito, como ocorrem sem ela? Que tipo de consciência é esta que não ampara todos os sentimentos, pensamentos e representações ou que não os ampara completamente? Ou seja, que consciência é esta que porta, nela mesma, sua própria negatividade ou a condição de sua contradição? Quando descreve suas personagens estetas como não conscientes do próprio self, Kierkegaard está abrindo precedentes para considerarmos que há uma psicologia kierkegaardiana do inconsciente?
Publisher
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
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