Affiliation:
1. Neurologista, médica-residente do Programa de Residência Médica em Dor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)
2. Coordenador do Centro de Dor do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Médico assistente do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo. Supervisor da Residência Médica em Neurologia e Neurocirurgia da FMUSP – Área de Atuação em Dor
Abstract
A neuropatia de fibras finas (NFF) é definida pelo comprometimento primordial de fibras pouco mielinizadas e não mielinizadas, as quais medeiam a sensibilidade térmica e dolorosa, bem como informações e respostas autonômicas. Ela pode estar presente em diversas apresentações espaciais, como a NFF localizada, que ocorre em alguns casos de doença de Hansen, ou a NFF que segue um padrão de polineuropatia e que pode acometer partes extensas do corpo.
Reconhecer clinicamente um quadro de neuropatia e classificá-lo de acordo com a modalidade de fibras comprometidas – finas sensitivas, autonômicas, grossas sensitivas, motoras ou uma combinação – é importante para direcionar as hipóteses diagnósticas, os exames subsidiários a serem solicitados e o tratamento.
Embora cerca de um terço dos casos não possua etiologia definida, entre as causas principais estão diabetes, intolerância à glicose, doenças inflamatórias e imunomediadas, como síndrome de Sjögren (SS), lúpus eritematoso sistêmico (LES), artrite reumatoide e sarcoidose, doenças hereditárias, amiloidose, causas infecciosas, como pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), hepatite C, além de doenças carenciais e tóxicas, como as relacionadas ao uso de álcool e quimioterápicos, entre outras.
O diagnóstico é realizado com base na história detalhada e no exame físico. Existem exames subsidiários, como o Teste Quantitativo Sensorial (TQS), a biópsia de pele com contagem da densidade de fibras nervosas intraepidérmicas e outros testes que ainda requerem validação.
O diagnóstico da NFF é fundamental, pode ser a primeira manifestação de quadros inflamatórios, imunomediados, infecciosos, metabólicos ou tóxicos, além de os sintomas, como dor, serem muitas vezes incapacitantes.
Publisher
Revista Paulista de Reumatologia