O alianado da vontade – a mudança de paradigma na abordagem ao doente alcoolico no sec. XIX

Abstract

O consumo de álcool e as consequências do uso abusivo têm acompanhado a humanidade ao longo dos séculos. Assim, encontramos diversas referências ao uso de substâncias alcoólicas para fins médicos, recreativos e religiosos. O advento da destilação (século XIV) e a revolução industrial (século XVIII), trouxeram a produção de bebidas alcoólicas em larga escala e a banalização do acesso às mesmas. Consequentemente, começaram a surgir efeitos nocivos na sociedade, nomeadamente na saúde pública. Secundada na corrente dominante da degenerescência, a epidemia dos alienados da vontade, muitas vezes associada a comportamentos violentos e à criminalidade, conduziu a um aumento dos internamentos em estruturas asilares, sendo o consumo de bebidas alcoólicas considerado mais como “causa da loucura” do que a doença em si. O crescente interesse no estudo e tratamento dos problemas de alcoolismo levou a uma mudança de paradigmas conceituais e terapêuticos.