Abstract
Bactérias ácido-lácticas são microrganismos com diversas aplicações na indústria de alimentos, considerando o potencial tecnológico, o incremento nas características sensoriais dos produtos e a capacidade probiótica de alguns isolados. Alimentos funcionais, além de aplicação nutricional, possuem efeito benéfico à saúde. O objetivo do presente estudo foi selecionar bactérias lácticas isoladas de leite cru de búfala quanto as propriedades tecnológicas e desenvolver sorvete enriquecido com bactéria probiótica Lacticaseibacillus rhamnosus LB1.5. Para tanto, BALs foram selecionadas quanto a capacidade proteolítica, capacidade de coexistência com bactérias lácticas, atividade antimicrobiana e antilisteria, estabilidade com conservantes alimentares e viabilidade em sorvete. A proteólise foi avaliada inoculando-se as BAL ágar leite. A coexistência entre as bactérias lácticas foi avaliada pelo método da picada. A atividade antimicrobiana de BALs frente à L.monocytogenes ATCC 7644, E.coli ATCC 10536, Pseudomonas aeruginosa ATCC 27853 e Staphylococcus aureus ATCC 25923 foi avaliada pelo método de sobrecamada. As espécies de L.innocua, L.monocytogenes e L.seeligeri também foram empregadas como indicadoras. Os experimentos foram realizados em triplicata e os resultados mensurados pelo halo de inibição de crescimento. Lact. rhamnosus LB 1.5 e Lact. paracasei LB 6.4 foram expostos a nisina, pediocina e conservante sorbato de potássio, através de ensaio de difusão em ágar leite. Por fim, a viabilidade de Lact. rhamnosus LB1.5 em sorvete foi avaliada por 210 dias. Dentre os onze isolados estudados, apenas Lacticaseibacillus sp. M1A3 não apresentou atividade proteolítica. Lact. rhamnosus LB1.5 e Lact. paracasei LB6.4 demonstraram capacidade de associação com Lact. paracasei LB1.4, Lactococcus lactis (L4A8, L4AN1 e L4AN17) e Leuconostoc mesenteroides LB5.5, o que possibilita a aplicação simbiótica destes isolados. Quanto à atividade antimicrobiana, Lact. paracasei LB 6.4 e Lact. rhamnosus LB1.5 inibiram as espécies de Listeria spp., sugerindo potencial bioprotetor. Os resultados evidenciaram sensibilidade de ambas BALs selecionadas à nisina, com halos de inibição de crescimento com diâmetro médio igual ou superior a 11 mm e 18 mm. Porém, pediocina e sorbato de potássio não inibiram o crescimento dos Lactobacillus selecionados, podendo atuar como conservantes associados a estes isolados. Lact. rhamnosus LB1.5 manteve-se viável em sorvete durante os 210 dias de experimento, com valores médios superiores a 107 UFC/mL, possibilitando a aplicação deste em produto como sorvete, além de oferecer benefícios bioprotetores e funcionais ao produto.
Publisher
Revista Veterinaria e Zootecnia
Reference35 articles.
1. Bailone RL, Borra RC, Roça RO, Aguiar LD, Harris M. Qualidade do leite cru refrigerado de búfalas (Bubalus bubalis bubalis) em diferentes fazendas e estações do ano no Brasil. Ciência Animal Brasileira, 2017; 18. https://doi.org/10.1590/1089-6891v18e-41815
2. Breyer GM, Arechavaleta NN, Siqueira FM, Motta AS. Characterization of Lactic Acid Bacteria in Raw Buffalo Milk: a Screening for Novel Probiotic Candidates and Their Transcriptional Response to Acid Stress. Probiotics and Antimicrobial Proteins, 2021; 13: 468-483. https://doi.org/10.1007/s12602-020-09700-4
3. Food and Agricultural Organization of the United Nations and World Health Organiza-tion, FAO/WHO. Working Group Report on Drafting Guidelines for the Evaluation of Probiotics in Food. Food and Agricultural Organization of the United Nations, London, Ontario, Canada, 2002. ftp://ftp.fao.org/es/esn/food/wgreport2.pdf
4. Alameri F, Tarique M, Osaili, T, Obaid R, Abdalla A, Masad R, et al. Lactic Acid Bacteria Isolated from Fresh Vegetable Products: Potential Probiotic and Postbiotic Characteristics Including Immunomodulatory Effects, Microorganisms, 2022; 10(2):389. https://doi.org/10.3390/microorganisms10020389
5. Albuquerque AP, Rodrigues TJA, Cavalcante Neto JL, Rocha APT. Utilization of pow-dered fruit pulp probiotic loaders as a functional food: general aspects and perspectives. Brazilian Journal of Food Technology, 2021; 24:e2019310. https://doi.org/10.1590/1981-6723.31019