Affiliation:
1. Universidade Regional de Blumenau
Abstract
Introdução: As principais causas de morte em transplantados renais são doenças infecciosas e cardiovasculares, ambas muito comuns na realidade brasileira. Além dos fatores de risco convencionais, os fatores de risco específicos podem influenciar o desenvolvimento de doenças cardiovasculares nesses pacientes. Objetivos: Determinar a incidência de eventos cardiovasculares em pacientes pós-transplante renal, analisar os fatores de risco cardiovascular no primeiro, no terceiro e no quinto ano pós-transplante e caracterizar o perfil de pessoas transplantadas deste estudo. Métodos: Estudo observacional de coorte retrospectivo realizado em pacientes acima de 18 anos submetidos a transplante renal, de 2010 a 2016, acompanhados pela Associação Renal Vida, em Blumenau, Santa Catarina, Brasil. Resultados: A amostra totalizou 577 pacientes (392 do sexo masculino e 185 do sexo feminino); faixa etária média de 46,5 anos; e 157 óbitos, sendo 43 causados por doenças cardiovasculares. Observou-se que peso, índice de massa corporal e lipoproteína de alta densidade (HDL) aumentaram no primeiro ano pós-transplante e se estabilizaram após 36 meses. O colesterol aumentou no primeiro ano, manteve-se no terceiro e decaiu no quinto ano. Além disso, houve aumento de 64 pacientes portadores de diabetes mellitus após três anos do transplante, mostrando-se como fator de risco para acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca congestiva (ICC), doença vascular periférica e hipertrofia ventricular esquerda no terceiro ano pós-transplante. Verificou-se obesidade como fator de risco para infarto agudo do miocárdio (IAM), visto que 60% dos pacientes que apresentaram IAM possuíam índice de massa corporal > 30 kg/m2. Em contrapartida, níveis de HDL maiores que 40 parecem ser fator de proteção para hipertrofia ventricular esquerda no terceiro ano e para acidente vascular cerebral no quinto ano. Idade menor que 50 anos também parece ser fator de proteção para IAM, acidente vascular cerebral, ICC e hipertrofia ventricular esquerda nos primeiros 36 meses e para ICC após 60 meses, pois 66,67% dos pacientes com ICC nesse período tinham idade superior a 50 anos. Conclusão: Observou-se que parte dos fatores de risco para as doenças cardiovasculares é modificável. Dessa forma, manutenção de hábitos saudáveis, especialmente acima dos 50 anos, parece ser uma estratégia que pode melhorar o risco cardiovascular e a expectativa de vida pós-transplante renal.
Publisher
Associacao Brasileira de Transplantes de Orgaos
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