A REPRESENTAÇÃO DO FEMININO NA LITERATURA A PARTIR DOS PROCESSOS MENTAIS DE MOLLY BOOM EM ULYSSES DE JAMES JOYCE

Abstract

O presente trabalho busca refletir sobre a representação do feminino na literatura através de uma análise da personagem Molly Boom (Marion Boom) da obra Ulysses (1922), do escritor irlandês James Joyce. Enquanto uma mudança no olhar e do ponto de vista, as técnicas literárias utilizadas pelo autor ainda no início do século XX, nos permite ver um mundo diferente para as personagens femininas e estabelecer um diálogo com a crítica literária sob uma perspectiva pós-colonial. À luz desses estudos, o objetivo da nossa reflexão é discutir a forma com que James Joyce constroi o chamado fluxo de consciência no solilóquio de Molly no capítulo 3 da terceira parte do livro, e reflete aspectos do imaginário social em torno da mulher. Para tanto, dialogaremos principalmente com Ricoeur (1978) quando infere que o imaginário na literatura produz um “livre jogo de possibilidades” e novas formas de estar no mundo que inspiram criações fundamentais para a existência humana. Ainda, nos embasaremos em Merquior (1965) por considerar que James Joyce exprime o problemático através do cotidiano, do real; e em Ermer Nolan (1995) quando afirma que o fato do irlandês provir de sociedade pós ou semicolonial, tem influenciando a interpretação de seus métodos de composição textual, seus temas e sua organização na narrativa.